Epidemiologia e impacto econômico das internações decorrentes de violência física contra a mulher

30-05-2013 08:27

Evento: XII Encontro de pesquisa do curso de Fisioterapia da Estácio do Ceará e IX Jornada científica da Fisiofic

 

Autores: Luana Bandeira de Mello Amaral, Francisco Marto Leal Pinheiro Júnior, Rebeca Monteiro Ferreira, Clara Taína Silva Lima, Nahra Santos Rebouças, Raimunda Hermelinda Maia Macena

 

 

 

 

 

Introdução: A saúde pública brasileira vem incorporando a violência como uma questão de alta complexidade uma vez que é um fenômeno social multifatorial que afeta não apenas a vítima, mas seus familiares.  A violência contra a mulher é entendida como um ato de violência de gênero que resulta ou tenha possibilidade de ocasionar prejuízo físico, sexual ou psicológico. Mulheres que sofrem violência física e sexual parecem utilizar mais os serviços de saúde.

Objetivo: Identificar o perfil epidemiológico e impacto econômico das internações decorrentes da violência física sofrida por mulheres.

Metodologia: Trata-se de um estudo descritivo-exploratório utilizando dados secundários disponíveis na base do DATASUS. Foram analisados os dados de todas as internações realizadas no ano de 2012 na faixa etária de 15 a 49 anos em relação às variáveis: estado de residência, raça, tipo de agressão, média de dias de permanência na unidade de saúde, óbitos e valor total gasto na internação. A taxa de incidência de internações por região foi calculada com base na população de mulheres registradas no censo do IBGE de 2010.

Resultados: Em 2012 foram registrados em todo Brasil 8412 internações decorrentes de violência física contra a mulher, destes, 5254 (64,4%) ocorreram na faixa etária de 15 a 49 anos. O Sudeste (40,2%) e o Nordeste (31,4%) foram as regiões com mais registros. Todavia, a maior taxa de incidência foi a da região Norte, 13 internações para cada 100 mil mulheres. A raça parda foi a mais prevalente (21,7%). Os principais tipos de agressão foram por meio de objetos cortantes ou penetrantes (24,3%), agressão por disparo de arma de fogo (19,5%), agressão por meio de força corporal (16,7%), agressão por meio de objetos contundentes (5,8%), agressão por impacto com veículo a motor (5,6%) e agressão sexual por meio de força física (1,6%). A média de dias de permanência foi de 5,3 dias e 3,0% das pacientes foram a óbito.  Durante as internações foi gasto um valor total de 6.216.453,34 reais, perfazendo uma média de 12 mil reais por internação.

Conclusões: As internações tendem a ocorrer em mulheres pardas, de localidades mais pobres, jovens e são de resolução relativamente rápida. A violência física contra a mulher é uma marcante causa de morbimortalidade não apenas pela quantidade de casos registrados e impacto econômico, mas por se tratar de um evento socialmente determinado motivado muitas vezes por motivos fúteis e passíveis de prevenção.